Mark Twain escreveu que: “a bondade é uma linguagem que o surdo consegue ouvir e que o cego consegue ver”. Talvez a bondade seja a linguagem humana mais universal, aquela que melhor permite criar um elo de comunicação entre os humanos, por mais diferenças que sejam à partida. Na tradição budista, a bondade é uma das quatro qualidades do coração que nos permitem viver uma vida feliz e prazerosa (as outras são a compaixão, a alegria empática e a equinamidade ou justa distância). Não por acaso, o atual Dalai Lama afirmou: “a minha religião é muito simples: a minha religião é a bondade”. E o que é a bondade?A bondade consiste numa atitude amorosa para consigo próprio, para com os demais e para com a vida. Neste sentido, consiste em ser uma presença (bondosa) e em expressar essa presença em gestos concretos e simples. Embora a bondade seja genericamente aceite como uma qualidade positiva a cultivar, o mundo coloca-nos enormes desafios diários na sua vivência. Seja pelas notícias, por gestos negativos à nossa volta (de estranhos, de colegas de trabalho, de vizinhos ou até de familiares), o mundo parece rodear-nos de egoísmo, de situações de escolha entre “comer ou ser comido” e de competição por recursos escassos. Neste mundo, o ser “bondoso” é uma presa fácil, o primeiro a cair. Será então a bondade um lugar de refúgio e resignação para os mais fracos? Numa provocação a esta lógica, Kahlil Gibran afirmou que “a doçura e a bondade não são são atos de fraqueza e desespero, mas manifestações de força e determinação”. E a ciência tem comprovado as vantagens que temos em escolher a bondade e em agir a partir dela. A bondade faz parte do repertório de quem quer triunfar na vida, ser mais saudável e feliz.Estudos científicos revelam que a prática de atos de bondade e, na verdade, o mero facto de testemunhar atos de bondade (mesmo sem os praticar), conduz à produção de oxitocina por parte do nosso organismo. A oxitocina, também conhecida como “a hormona do amor”, ajuda na redução da pressão arterial, na melhoria da saúde cardíaca, no aumento da autoestima e do otimismo, sendo uma preciosa ajuda na redução da ansiedade. Esta hormona também está associada à nossa capacidade de empatizar e confiar nos outros, sendo assim decisiva na capacidade de criar vínculos afetivos. Não é por acaso que esta hormona é produzida pelas mães durante o periodo de amamentação. A bondade estimula ainda a produção de serotonina (uma hormona responsável pela sensação de bem-estar e calma, pela cicatrização de feridas e pela redução da ansiedade) e a prática de atos de bondade conduz à produção de endorfinas, as quais funcionam como analgésico. Por outro lado, a bondade está associada à menor produção de cortisol, a hormona do stress. Como decorrência disto, as pessoas que praticam atos de bondade reportam mais energia, mais calma, menos depressão e mais autoestima e as pessoas altruístas revelam maiores níveis de felidade. A prática do voluntariado surge inclusivamente associada a uma maior esperança média de vida. E como podemos trazer mais bondade para as nossas vidas?Quando olhamos para a vida, para a passagem do tempo, para os acontecimentos que sucederam, sucedem ou sucederão. O olhar bondoso aceita o que está, com amor. Isto não significa resignação, uma conformação com o que está, um encolher de ombros triste ou com raiva, em que se “aceita” a realidade, mas nega-se a possibilidade de esta poder ser experienciada com amor. Quantas vezes nos perdemos em pensamentos e atitudes julgativas que nos fazem sentir que andamos em círculo connosco próprios, com os outros e com a vida? Quantas vezes sentimos insatisfação face ao que está? Ou nos perdemos num contínuo “fazer coisas” que não nos traz paz? Através do trabalho terapêutico e do coaching é possível desafiar e desmontar crenças e pensamentos, fruto de experiências negativas passadas e de hábitos, que nos impedem de ter um olhar bondoso para com a nossa realidade. Através destas ferramentas é possível promover a capacidade de aceitar e de olhar amorosamente da realidade, criando uma base sólida para uma compreensão profunda e para mudanças que tragam uma maior integração da identidade, mais harmonia e felicidade. Para além disso, a bondade pode ser cultivada através de pequenos gestos quotidianos, dirigidos de forma gratuita às pessoas à nossa volta, que reforcem a ligação humana. Pequenas coisas como um sorriso, uma atenção, uma suavidade no trato ou uma disponibilidade para uma pequena ajuda. E se a prática de um ato de bondade produz um efeito hormonal que nos eleva os níveis de bem-estar por alguns minutos, a prática repetida destes atos mantém esses níveis ao longo do tempo. Em consulta de psicologia individual, em terapia de casal e também no coaching é possível ajudar os clientes a desenvolver a capacidade de olharem para si mesmos, para as suas vidas e para os outros com bondade, desafiando crenças antigas e hábitos. E ganhar novas rotinas de bondade no quotidiano. Através de um trabalho ao nível da aceitação amorosa do que está, designadamente com recurso ao mindfulness, é possível criar a base para mudanças alinhadas com a identidade individual, que conduzam a uma existência mais feliz.
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