Lançamos uma edição especial da revista Psicologia Digital dedicada à situação única em que nos encontramos provocada pela epidemia de Coronavírus. Escrevo-vos como psicóloga e diretora da revista Psicologia Digital, mas acima de tudo como ser humano, a Ana, que está a vivenciar em conjunto com todos vós uma época única, inesperada e imprevisível. Quero conversar convosco, que são os meus companheiros de viagem neste barco novo, estranho e sem rumo definido, que atravessa águas agitadas e assustadoras. Esta nossa viagem está repleta de medos e de ansiedade. É normal, estamos perante um perigo real e ainda pouco conhecido e a nossa resposta natural e adaptativa é o medo. Mas é este medo que temos de trabalhar, para que seja um medo protetor e não um motor de pânico e de caos. Este tipo de medo leva-nos a atitudes irracionais, das quais temos visto alguns exemplos, como as compras excessivas e egoístas. Leva-nos a atitudes agressivas, nas quais vemos os outros como potenciais inimigos e leva-nos ao bloqueio, impedindo-nos de ver saídas e criar alternativas. Embora este tipo de medo possa por momentos surgir dentro de cada um de nós, a forma de o combater é alimentar o outro tipo de medo – o medo protetor e adaptativo. Este medo move-nos a cumprir as precauções de higiene e segurança aconselhadas pelas entidades de saúde, a estarmos atentos e sermos cuidadosos e acima de tudo ajuda-nos a ser corajosos. É do medo que nasce a coragem e é esta coragem que nos vai salvar enquanto companheiros deste barco em que viajamos. Esta coragem tem sido e será o motor de atitudes de criatividade, solidariedade, união e generosidade.Temos assistido, nestes últimos tempos, a atitudes que me emocionaram verdadeiramente e que me deixam grata, orgulhosa e com fé na humanidade. Uma mulher britânica que criou um postal com o seu nome e o seu contacto e o deixou aos seus vizinhos em isolamento oferecendo a ajuda que necessitarem; os cidadãos italianos que, impedidos de sair de casa, vêm para a janela cantar e tocar instrumentos musicais; os estudantes de medicina que ofereceram o seu trabalho voluntário para a nossa linha de saúde 24; um pai e uma filha em isolamento que vão para a varanda acenar e dizer bom dia aos vizinhos que passam. Estes são apenas alguns dos muitos exemplos de criatividade e generosidade que tenho visto nos últimos dias. Esta crise veio mostrar-nos que somos todos um. Para o vírus não interessam as diferenças de nacionalidade, de etnia, de estrato social, de idade, de género. Para o vírus somos todos iguais, todos potenciais hospedeiros, todos humanos. Então que aprendamos com ele que a diferenças que nos separam são muito menos importantes do que as semelhanças que nos unem. Aprendamos que dependemos todos uns dos outros, que sozinhos não sobrevivemos e que todos juntos podemos escolher fazer parte da solução e não do problema. Agora quero conversar convosco sobre a ansiedade. A ansiedade que todos estamos a sentir neste momento é provocada por muitas perguntas às quais não temos resposta: até quando vão aumentar o número de casos de infeção, quantas pessoas vão morrer, até quando vou ficar sem poder trabalhar, será que o dinheiro vai chegar para pagar as contas, será que a seguir vem uma crise económica, quando é que isto vai acabar? A verdade é que não sabemos e ninguém sabe e é esta sensação de falta de controlo que alimenta a ansiedade que sentimos. Então vamos deixar estas perguntas de lado, e focar-nos naquilo que podemos controlar, dia a dia, momento a momento. Se estivermos de quarentena ou em isolamento, vamos focar-nos no que podemos fazer em casa para nos mantermos ocupados, criativos e saudáveis. Vamos aproveitar o tempo que nos está a ser concedido para disfrutarmos da companhia da nossa família, conversarmos e fazermos atividades em conjunto. Se formos profissionais que nos mantemos a trabalhar, vamos focar-nos na proteção, a nossa e dos outros, e no importante contributo que estamos a dar a todos com o nosso trabalho. A ministra da saúde disse que estamos a viver uma situação semelhante a uma guerra, e talvez seja verdade, então o que importa é vivermos o melhor possível cada dia, com a gratidão de estarmos vivos e com a solidariedade e coragem que os tempos de guerra exigem. As crises trazem ao de cima o pior e o melhor de nós. Trabalhemos para que o melhor prevaleça. Nós, a equipa da Clínica Learn2Be, estamos a trabalhar todos os dias para trazermos ao de cima o melhor de nós e o levarmos até si. Temos um horário alargado de consultas online, para que possamos estar consigo, mesmo à distância. Estamos aqui para o ajudar a lidar com a ansiedade, a inquietação, o medo. Estamos aqui para o ouvir e cuidar de si. Tenho a certeza de que todos nós, enquanto humanidade, vamos sair do outro lado desta crise melhores, mais evoluídos, mais fortes e mais humanos. As crises são professoras rígidas e duras, mas ao longo da história têm provado que ensinam importantes lições à humanidade. Conte connosco, estamos aqui consigo e para si. Até breve!
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