Neste Dia dos Namorados, quando tantos casais vão festejar e usufruir da companhia um do outro de uma forma especial, convidamo-los a reflectir sobre o que significa a relação de namoro e casamento, e qual o seu papel no bem-estar psicológico e no equilíbrio relacional. Porque uma vida com (mais) sentido também se alcança pelos sentires, nossos e dos/pelos outros que connosco partilham a Vida. A Identidade não se descobre, constrói-se. Essa é a parte difícil. Somos, antes de outra coisa qualquer, seres relacionais, moldados em função das nossas relações mais precoces e transformados pelas oportunidades e experiências com os outros que vamos vivenciando ao longo da vida. São estas que nos vão permitindo construir um sentido de existência, na medida em que nos devolvem a percepção que os outros têm de nós e que, progressivamente, vão sendo integradas na nossa Identidade. Esta é a noção que temos de nós próprios e que, ao longo de toda a transformação que vamos vivendo, se mantém relativamente estável. Aí começa a série de contradições deste tema apaixonante: Como somos sempre nós, quando estamos em constante transformação? Ao longo da vida, alturas há em que o sentido de permanência de si e de estabilidade da Identidade são mais desafiados: na adolescência, porque se buscam relações novas e significativas com os pares, novos espelhos com quem o adolescente se quer identificar e cujas características pode integrar em si próprio; e nas relações amorosas, em que se começa a aprender a ser significativo para um outro diferente da família de origem, numa relação que se espera de reciprocidade e aprendizagem partilhada. À medida que a relação evolui e que se verificam os factores-chave para a sua manutenção, vai emergindo um novo elemento na relação, algo que precisa de ser reconhecido e integrado em cada um dos parceiros, mas que é de ambos também: um “Nós”, entidade externa e maior do que a soma do Eu e do Tu, que caracteriza esta relação e que começa a existir em cada um dos membros do casal, extravasando os seus limites identitários individuais. Este sentido de “Nós” é, no fundo, a Identidade do Casal, uma espécie de alargamento da identidade individual para acomodar as características que são definidoras e únicas daquela relação, marcas distintivas e únicas daquele casal, que é, no entanto, idêntico a tantos outros. Nova contradição: Como será único aquele casal na experiência da vivência relacional que é comum a tantos casais?O que evidencia a singularidade daquela relação, a sua flexibilidade, acomodando o que é, também, característica de cada um dos seus elementos?Olhem à vossa volta: o que distingue o casal que são, daquele que se senta ao vosso lado?Convido-vos, pois, a reflectir – para cada um, o que torna a vossa relação única e distintiva? E como fomentar este “Nós”? Deixo-vos algumas pistas e sugestões práticas para criar e consolidar a Identidade do Casal: Dar(em)-se tempoDar(em)-se Tempo para se conhecerem e usufruírem da companhia um do outro – é que este “Sentido de Nós”, algo que os casais definem como único, estritamente seu, um sentido de intimidade que se vive no casal e que os outros intuem, mas em que não participam, é algo que se desenvolve através da partilha da Vida e isso exige tempo em conjunto, ritmos e experiências diversificadas – o tempo do namoro serve mesmo para isso, para criarem tempo e experiências, histórias a dois; Dar(em)-se EspaçoDar(em)-se Espaço, um domínio a que só ao casal pertence e que se esforçam por manter protegido das influências do exterior – ainda que estas sejam importantes para cada um nas diferentes esferas da vida, este lugar da relação dos dois precisa de fronteiras bem firmes e de limites bem claros, mesmo dos amigos e famílias de origem, e até dos filhos que possam existir; Dar(em)-se como sãoDar(em)-se como são, na comunicação clara e na acção, que expressam a personalidade de cada um, nos seus aspectos mais facilitadores e mais difíceis para o outro. Muitos casais consideram que este respeito pela pessoa real que cada um é, e dá ao outro, potencia o vínculo afectivo, e, por isso mesmo, o compromisso de afecto e ligação que mantém o casal unido; o compromisso surge, não porque tem de ser, mas porque assim ambos escolhem, pelo valor que atribuem ao outro e a este “Nós” cada vez mais interiorizada em cada um. Na prática, é essencial criar tempos e espaços na relação para sentir e fazer sentir ao outro que a vossa ligação é única – para muitos casais, isso faz-se na partilha de momentos especiais, enquanto noutros o “estar juntos” a viver, simplesmente, alimenta essa união; os rituais a dois, simples e quase diários, ou marcantes das datas significativas para o casal, são símbolos do significado da relação e da atenção que lhe dedicam e marcam esse domínio privado, bem como a comunicação, verbal ou não, que só os dois entendem; para alguns, há uma linguagem e expressões que usam exclusivamente com o parceiro e que funcionam como símbolo do seu vínculo e afecto. E, não esquecer, conhecer o outro e conhecer-se a si próprio, aceitar para transformar o que é necessário para criar uma vida plena de significado e propósito partilhado, que se estende desejavelmente para além do cuidar dos filhos, quando os há. Neste processo de auto-conhecimento, cada um está a colocar-se a si e ao seu parceiro como prioridade na sua vida, escolhendo manifestar na sua relação a pessoa real que é e o resultado da sua aprendizagem, originando uma relação real e uma Identidade forte, quer pessoal quer do casal. Por isso, é tempo de celebrar a sua relação ou de mimar o seu parceiro – é um sinal de que o “Nós” importa e faz parte da sua Identidade. É importante pois que cada um cuide de si e da sua saúde psicológica: quantas das tensões e conflitos relacionais se resolvem com auto-conhecimento e estratégias adequadas para aprender a brincar à Vida? Há toda uma equipa para vos ajudar, disponível para os acompanhar nesta viagem de crescimento, em direcção ao casal que desejam ser. Marquem a vossa consulta, invistam no base da vossa segurança, invistam em vocês próprios e naqueles que amam. Psicoterapeuta e Hipnoterapeuta do Learn2be Lisboa
2 Comentários
Isabel Almeida
14/2/2018 02:27:02 pm
Muito Bem! :)
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14/2/2018 08:37:25 pm
Obrigada Isabel, fico feliz que tenha gostado. Este é um tema apaixonante. Convido-a a subscrever a nossa revista Psicologia Digital e a acompanhar os artigos que a equipa vai publicando. Convido-a também a conhecer a minha página:
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