Comprarmos algo para nós, sabe sempre bem, porque estamos a ter a sensação de ganho ou de incremento na nossa vida. Estamos a ter a sensação de incremento de valor, de riqueza, de posse ou mesmo de segurança. E como tal, é algo que nos dá prazer e que até pode reduzir bastante a nossa ansiedade, porque fica a sensação de missão cumprida, ou de objectivo conseguido.
Todo este processo de compra dá-nos prazer, dá-nos um reforço positivo e uma gratificação, e como tal, dá-nos vontade de repetir o comportamento de compra. No entanto, este prazer que advém das compras, se estiver a servir como compensação de uma sensação, emoção ou sentimento negativo: como sensação de desconsolo; emoções como a tristeza, a raiva ou o medo; ou sentimentos como a culpa ou a solidão, este prazer e este comportamento de comprar, pode tornar-se patológico e prejudicial. Então como podemos definir se o nosso comportamento de comprar, é algo normal e salutar, ou se já estamos a entrar num comportamento mais doentio, denominado de “compras compulsivas”, também conhecido como "Oniomania": O que são compras compulsivas?Na nossa vida, há uma regra básica que é: Tudo aquilo que fazemos a menos ou a mais, faz mal. As compras em excesso podem ser um problema, quando feitas de forma descontrolada, ou seja, quando causam dano na vida das pessoas, quer por criarem problemas financeiros, quer por criarem problemas relacionais e familiares que advém desse descontrolo financeiro.
A pessoa que compra compulsivamente, compra para tentar sentir-se um pouco melhor, com o objectivo de sentir mais amor-próprio, ou curar feridas ou desapontamentos. Mas regra geral, este comportamento, acaba por a médio longo prazo, aumentar o mal-estar, criando ansiedade, angustia e sentimentos de culpa, provocado pelo descontrolo financeiro na vida da pessoa e pelas consequentes dívidas e problemas relacionais. Este comportamento é muito semelhante, aquele verificado em outras dependências, como o consumo de álcool, ou o vício de jogo. É um comportamento compulsivo e de dependência, que dá uma gratificação imediata pela satisfação de um desejo, e um estado de angústia a médio, longo prazo, causado pelo descontrolo financeiro, e pelos problemas relacionais e familiares que dai advêm. O que faz com que, muitas vezes, haja a repetição do comportamento, criando o efeito de “bola de neve”, fazendo com que a pessoa fique cada vez mais refém do seu vicio. Embora também haja homens que sofram desta patologia, não é tão comum. Os homens não aderem tanto a este comportamento, ou escape, porque é algo que não é visto como normal pelos seus grupos de pares. No entanto, também têm os seus escapes e os seus comportamentos de dependência noutras áreas, como o alcoolismo ou o vício do jogo, que são provocados e motivados, por exactamente os mesmos factores que faz com que algumas mulheres entrem nestes actos compulsivos, e que têm um resultado igualmente danoso. Quando é que o comprar, deixa de ser um acto prazeroso e salutar e se torna um acto compulsivo e danoso:- Quando as compras são feitas para compensar um estado emocional negativo; - Quando as compras são feitas no resultado de uma ânsia ou no sentido de ter um pico de adrenalina; - Quando as compras são feitas de forma impulsiva e não de uma forma ponderada; - Quando existe síndrome de abstinência. Como evitar as compras compulsivas? - Admitir que é um(a) gastador(a) compulsivo(a), é ganhar metade da batalha; - Faça uma lista das coisas que quer comprar antes de iniciar as compras; - Vá comprar quando se estiver a sentir bem e não quando estiver infeliz ou ansioso(a); - Deixe os cartões de crédito em casa – Como qualquer outro acto compulsivo e de dependência, o acto de comprar compulsivamente é activado por uma ânsia, por um momento em que dá uma vontade enorme de satisfazer aquele prazer. Por outras palavras, a compra compulsiva está relacionada com impulsividade e com falta de controle sobre os seus impulsos. Regra geral, se a pessoa se aguentar durante 15 a 30 minutos e não responder a esse impulso de compra, a ânsia passa e a vontade de comprar também; - Pague as compras em dinheiro - Ver na mão o dinheiro que se está a gastar pelos itens que se estão a comprar, ajuda a dar uma visão mais real do que está a acontecer. Faça o exercício também, de pensar, quantas horas de trabalho você tem que fazer para realizar aquele dinheiro que está a gastar; - Tenha os seus objectivos a médio e longo prazo, bem definidos - Escreva os seus objectivos num papel, e especifique-os ao máximo. "Um elefante come-se às fatias". Você não consegue comer um elefante de uma vez só. O mesmo se passa como os seus objectivos. Depois de perceber qual o seu objectivo. Faça por transformar o seu objectivo num processo. Defina e separe todos os pequenos passos que tem de fazer para concretizar esse objectivo. Desta forma, você diariamente, pode contribuir para a realização desse objectivo, e essa contribuição irá funcionar como um reforço positivo, que o ira dar animo para continuar a caminhar no sentido certo. E se assim for, se você estive focado no que quer, naturalmente, não ira cair nestes registos de compras compulsivas, porque a sua satisfação está já a ser alimentada, pelos pequenos sucessos que você vai alcançando. Sem ser preciso ir em busca de satisfação de prazeres imediatos, como as compras compulsivas, o vicio de jogo ou outras dependências; - Se for aos saldos, use a mesma estratégia de como se fosse jogar nas máquinas do Casino. Leve uma quantia de dinheiro certo consigo para gastar e deixe os seus cartões em casa; - Quando for “ver montras”, deixe a carteira em casa; - Evite ver anúncios de televisão de compras por telefone; - Dê um passeio ou faça exercício-físico quando surge a ânsia das compras; - Seja responsável – Responsabilidade significa capacidade de resposta. Você não tem de ser perfeito. Ninguém o é. Todos erramos e todos temos defeitos e carências, e todos, de vez em quando, escolhemos mal. É normal e isso não tem problema nenhum. O problema é a pessoa não ser responsável pela sua vida. Se vimos que estamos a ter uma dificuldade e que não estamos a conseguir resolver, é nossa responsabilidade, procurar um serviço que nos possibilite desbloquear essa situação. Marcar uma consulta integrada de Coaching e Psicoterapia, como as que faço, pode ser uma solução simples e eficaz, para desbloquear um problema rapidamente. Algumas características de um comprador compulsivo - As pessoas com esta compulsão, têm, por vezes, roupas e pertences no armário, ainda com as etiquetas e sem nunca as terem utilizado; - Vão comprar um ou dois itens e voltam para casa com muito mais compras; - O prazer está no acto e no ritual da compra e não no objecto, havendo tendência para comprar o que não se precisa; - Em casos mais extremos, a pessoa pode até não se lembrar de ter realizado as compras que fez; - Quando o descontrolo começa a ser reparado pelos outros (amigos e familiares), a pessoa tende a esconder as compras que faz (tal como um alcoólico, que esconde as suas garrafas); - Quando a pessoa está algum tempo sem comprar, quando estimulada por promoções ou saldos, ou quando passa junto a uma superfície comercial, sente sintomas de abstinência e ânsias de compra; - Tem tendência a negar que têm um problema, até o crédito esgotar e começar a ter problemas legais, sociais e de relacionamento; - O dia a dia da pessoa, é prejudicado e preenchido pela compulsão de comprar, a ideia de comprar e pelo caos financeiro e familiar resultante desta compulsão. Reflexão final sobre compras compulsivasÉ importante, olhar para o acto de realizar compras compulsivas como um sintoma de algo que não está bem com a pessoa. E como em qualquer outro sintoma, existe sempre um “gozo” por de traz. Existe sempre uma vantagem adaptativa para o próprio ser. Caso contrario não haveria necessidade da biologia da pessoa criar tal sintoma. Uma das vantagens de ter um sintoma como este, é o de transformar um sofrimento emocional difuso em algo tangível. Algo que é palpável e que está sob o controlo (ou na ilusão de controlo) da pessoa. Mas na verdade, este sintoma de dependência, é apenas expressão de um mal estar mais profundo, que acompanha a pessoa, e com o qual esta não consegue lidar sozinha. Como tal, é importante estas pessoas procurarem ajuda para, não só ganharem recursos para se protegerem deste sintoma, mas também para resolverem as questões que pesam na alma e que trazem as insatisfações internas, que abrem espaço para este comportamento de comprar compulsivamente. Algumas ferramentas que a pessoa pode recorrer para resolver estas questões são os Grupos de apoio relacionados com dependências, a Psicoterapia, o Coaching, ou mesmo uma consulta integrada de Psicoterapia e Coaching, como aquelas que são oferecidas no Learn2Be. Aconselhamento financeiro pode também ajudar, no sentido de se criar um plano de recuperação financeira e um auto compromisso com os futuros gastos. Obrigado pela sua leitura e espero que tenha gostado deste artigo. Convido-o a escrever o seu comentário aqui em baixo. Tudo de bom para si, força e coragem, Seja o melhor de Si_ Psicoterapeuta e Coacher Especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicoterapia Membro Efectivo da Ordem dos Psicólogos nº 6214
2 Comments
Susana Pinto Almeida
6/10/2018 10:12:05 pm
E pode também ser um sintoma de um quadro maníaco num(a) doente com Perturbação Afetiva Bipolar. E aí terá que ser observado por um médico. Em consulta de Psiquiatria. A psicoterapia não tem eficácia per se.
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8/10/2018 10:07:05 am
Bom dia Susana Pinto Almeida,
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