Acordo desorientado, numa cama mole e toque estranho mas sinto uma força imensa em mim. O barulho que vem da rua é de carros potentes e tráfego exagerado para as 7h20 que o relógio apresenta.
Dormi pouco e por isso demoro a consciencializar que estou num motel na West Sunset Boulevard, em Hollywood (Los Angeles, Califórnia), dou um salto para a janela porque a vida está na sua plenitude máxima e não há tempo para reflexões, apenas sentir, agir e viver.
Em Amesterdão, num final de tarde frio e escuro, sinto nas pernas os quilómetros exagerados alcançados no dia e dias anteriores e não cedo (jamais) à necessidade de descanso por querer ver e viver mais.
Lembro, igualmente, aquela vez que acordo no banco da frente de um autocarro aos pulos algures no Nordeste Brasileiro e de sentir uma vontade imensa de cumprimentar pessoas, abraçar o mar e admirar coqueiros sem fim.
Uma felicidade plena, liberdade extrema e equilíbrio mental alcançado.
Viajar, uma forma de promover o seu desenvolvimento pessoal
Viajar é pessoal e intransmissível! Ninguém sente o mesmo, pelas mesmas razões, com os mesmos objectivos.
Há um cunho pessoal em cada viagem, em cada destino escolhido, em cada regresso sentido e interior alterado.
O ser humano precisa "extravasar", precisa de conhecer, precisa de se deslocar, e sempre precisou, a história da humanidade demonstra que a necessidade de descobrir, de ir mais além, esteve mesmo sempre presente e a importância de viajar é descrita ao longo de toda a sua história, sublinhando a necessidade de que explorar o espaço e surpreendermo-nos, é uma exigência permanente.
Platão, filósofo da grécia antiga, referia já o poder que sair do local de conforto de um filósofo poderia trazer à sua capacidade de pensar o mundo.
Recentemente, vários estudos concluiram uma existência na ligação de viajar com a construção de novas conexões cerebrais pela necessidade obrigatória e desafios sistemáticos a que o cérebro é exposto pelo facto de estar num ambiente diferenciado e novo.
Qualquer visão eclética afirmará que a Saúde Mental está intimamente ligada ao ato de viajar.
O próprio senso comum adverte para a necessidade de viajar, tirar férias, sair do local de residência habitual quando algo está saturado, aborrecido, desorientado. Sugere-se que se vá em viagem para "(re)carregar baterias" ou para "limpar a cabeça".
Conselhos preciosos sem reflexão, muitas vezes, mas com razão de ser e sentidos verdadeiramente pelas experiências reais de vida.
O próprio termo "Saúde Mental" pretende descrever a ausência ou proximidade de não existência de uma doença mental, conferindo desta forma que a pessoa tem um nível superior de qualidade vida emocional e cognitiva.
O ponto que separa a saúde mental da doença mental é quase impossível de ser verdadeiramente apontado, o normal e o patológico são extremos de um mesmo eixo mental que se fundem e que não são possíveis de definir quando começam e quando acabam.
Tal como tudo na vida, mas principalmente ao nível mental, o equilíbrio é crucial.
como o viajar pode melhorar o seu equiliquio mental
Viajar oferece a possibilidade de nos aproximar-mos desse encontro com um maior equilíbrio mental devido ao caleidoscópio de sensações que são experienciadas.
Quando viajamos tornamos-nos outros em nós mesmos, sempre e obrigatoriamente.
A mudança nas refeições, na língua falada, nos transportes usados, nas paisagens observadas, nos objectivos estipulados, nas diferenças horárias e em toda uma obrigação necessária a ser adaptada ao local em que nos situamos, faz de nós diferentes.
Um dos aspectos mais curiosos das viagens prende-se no rápido foco ao presente.
Sabemos que focar-nos no que estamos a viver, no aqui e agora de cada momento, é narrativa difícil de alcançar, no entanto, em viagem, e por sermos "outros em nós mesmos", a tarefa fica facilitada e raramente nos preocupamos muito com antecipações pessoais futuras.
Em viagem distanciamo-nos do habitual, diferenciamo-nos das cristalizações pessoais acumuladas ao longo da nossa experiência e ficamos mais abertos à criatividade, à espontaneidade, à liberdade.
Razões válidas para que nos sintamos diferentes, melhores e em maior equilíbrio mental. Assim, descobrimos que o segredo para uma viagem melhor é levar o mínimo possível de nós para que possamos trazer o máximo possível de um novo e alterado "nós".
O que pode fazer para garantir uma mente sã
Uma mente sã pode e deve ser trabalhada diariamente.
Uma boa alimentação e a prática regular de desporto promovem o bem estar do corpo e da mente.
O desporto estimula a produção da dopamina, um neurotransmissor libertado pelo nosso cérebro que regula, entre outros, o humor e o prazer.
Assim, facilmente e comummente já interiorizado por todos, percebemos que o desporto é essencial na procura de uma mente mais sã devido às transformações que o mesmo provoca ao nível corporal e mental.
Também nas viagens várias transformações interiores são efectuadas, os sentidos ficam mais apurados, há um alerta benéfico constante para o que nos rodeia, há uma abertura maior para aceitar a novidade e a diferença, e isto equilibra-nos e organiza-nos mentalmente.
Viajar mais e muito deveria ser prática regular, tal como o desporto.
Viajar é deixar-nos desarrumar por dentro um bocadinho, permitir que entre em nós o desconhecido, é orgulharmo-nos por uma descoberta inesperada, viver o impensável, voltar a gatinhar em terreno incerto, tábua rasa experiencial.
Viajar é pessoal e intransmissível, é orgulho e formação, experimentação na tentativa e erro, é ser outro em nós mesmos, é testar a hesitação, é auto conhecimento e desenvolvimento pessoal.
Impacto que uma viagem tem no nosso equilíbrio psicológico
O impacto psicológico de uma viagem é quase sempre poderoso, construtivo, libertador, e acima de tudo, transformador, na medida em que, há um conjunto de sentimentos associados à mesma.
Qualquer viagem transporta em si sentimentos, quer seja pela razão pela qual foi efetuada, quer seja pelas experiências vividas.
Os sentimentos como sabemos no estudo do comportamento humano são chaves-mestras de qualquer acção, relação, comportamento.
Qualquer viagem desperta sentimentos, principalmente quando a mesma é recompensatória e prazerosa, que estabelecem associações mentais de antecipação futura face à repetição dos mesmos, isto é, sempre que nos sentimos livres, confiantes, surpreendidos, espontâneos, tranquilos ou frenéticos durante uma viagem, há como que um automatismo cerebral para que os mesmos possam ser repetidos, pelo prazer que isso introduziu em nós.
A expressão popularmente usada "depressão pós-férias" demonstra bem este automatismo que assenta no desejo de receber sentimentos únicos vividos em férias ou viagens.
Viajar traz em si sentimentos, acrescentando ou alterando os já existentes. É esta necessidade de sentir a vida que nos faz querer viajar.
Quando vemos imagens associadas a viagens, tal como em todas mas nestas em particular, são os sentimentos absorvidos das mesmas que mexem no nosso equilíbrio psicológico.
É comum para algumas pessoas ficar deslumbradas perante uma praia paradisíaca sem ninguém com águas cristalinas, para outras é o frenesim de carros em volta de arranha céus que mexe no equilíbrio e funciona como alavanca de motivação, caminhos inóspitos com monges locais, estátuas milenares, montanhas brancas de neve, mares de canoas em torno de cabanas em palhota; toda uma imagem repleta de vulcões de sentimentos que organizam a mente e a foca no prazer imaginário ou recalcado.
Quando nos encontramos em viagem os nossos sentidos ficam mais apurados de acordo com o que nos rodeia nessa nova experiência
Há um número interminável de percepções e estímulos novos que nos dão curiosidade, a nossa atenção é focada nesta descoberta, e os nossos sentidos absorvem de forma intensa toda esta experiência.
Embora seja sempre diferente, há alguma igualdade no prazer recebido de ter a visão atenta nas ruas movimentadas de Nova Iorque, a audição aumentada perante o silêncio abismal do Grand Canyon, o cheiro apurado nos mercados de Istambul, o paladar refinado num restaurante conceituado em Paris ou o tato concentrado no toque do pêlo de um panda na China.
O ser humano gosta de aprender, há um sentimento prazeroso na tarefa ou função aprendida.
As competências adquiridas em viagem são injectores naturais de prazer e realização.
Competências como a resiliência, raciocínio, localização geográfica, desenvolvimento ou treino de um novo idioma fazem parte de um vasto leque trabalhado em viagem, contribuindo para a aprendizagem e para a nossa construção.
Viajar é um comportamento de saúde. Mantém a nossa integridade mental, de forma natural e exigente.
É um comportamento saudável ao nível cognitivo, afetivo e imunológico. É o maior e melhor investimento pessoal. O retorno sentimental é garantido e o auto conhecimento é francamente aumentado duplicando os lucros em larga escala, viagem após viagem.
O impacto ao nível da saúde mental é assim poderoso porque muda a moldura do nosso olhar, abre a porta a novas possibilidades, é a janela para novos horizontes e para um ninho de descobertas constantes. Não houve, não há e não haverá certamente nada mais transformador que viajar.
Convido-o(a) também a iniciar um outro tipo de viagem transformadora e a marcar uma sessão de Coaching ou Psicoterapia comigo, para garantir que fica com a sua bagagem emocional arrumada e que está a caminhar no sentido certo na sua vida.
Psicólogo Clínico e Life Coach, no Learn2be Algarve
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