Como pode a psicoterapia ajudar os jovens em dificuldadeNo primeiro artigo sobre este tema (que pode ler neste link) descrevemos os motivos mais frequente que levam os jovens, entre os 20 e 30 anos, a procurarem a consulta psicológica. Nesse rol, elencámos. Os problemas de construção de uma identidade segura, as dificuldades de intimidade expressas na abordagem defensiva e superficial das relações interpessoais, a vivência da incerteza sobre as expetativas futuras frequentemente produtora de experiências de stresse. Ficou a promessa de uma síntese explicativa das razões que levam os jovens a experimentar estas dificuldades e o esclarecimento de como a psicoterapia pode ajudá-los a ultrapassar essas barreiras. Os motivos principais dessas dificuldades podem, em primeiro lugar, ser explicados por algumas mudanças significativas em termos sociais, ocorridas nas últimas décadas, e que transformaram a trajetória de construção da identidade num percurso muito mais complexo, incerto e sinuosos que outrora. Nestas mudanças destacamos a enorme velocidade de mudança social, particularmente acentuada pela inovação tecnológica. Muitos conceitos tradicionalmente claros tornaram-se fluídos ou, até, obsoletos.Como exemplo, refiro os conceitos de tempo e de espaço, altamente estruturantes da organização psicológica das pessoas. Antigamente as pessoas cresciam no contexto de relações mais estáveis com os espaços onde viviam, os quais delimitavam de forma clara, as referências que formavam o background cultural de cada indivíduo. Hoje, as crianças e os jovens crescem num mundo global, marcado pela multiplicidade de culturas, referências, perspetivas, crenças, etc. Esta realidade oferece maiores oportunidades de contato e exploração de diversas alternativas o que enriquece a construção da identidade. Porém, diminui brutalmente a segurança que o mundo mais definido e com menor diversidade oferecia. A riqueza também trouxe incerteza, dúvida, hesitação, categorias que assolam os próprios adultos que educam as crianças e que frequentemente sentem dificuldade em definir o que é melhor para os seus filhos. A própria dimensão de tempo está significativamente alterada com a possibilidade de saber tudo o que se passa em qualquer parte do mundo. Do mesmo modo, a anterior noção de realidade está hoje comprometida com a emergência das dimensões associadas à realidade virtual. Ao mesmo tempo as pessoas deslocam-se mais de uns lugares para outros, ou viajam pelos mundos ilimitados da web. A mudança que se tem verificado nas práticas parentaisUm outro aspeto que problematiza a construção de uma identidade segura prende-se com a mudança que se tem verificado nas práticas parentais. O liberalismo educacional trouxe ao exagero o primado do individualismo e a reificação das crianças e jovens tornando-os frequentemente impreparados para a complexidade da vida. Depois de largos anos debaixo da proteção parental, os jovens chegam frequentemente aos 20 anos sem terem adquirido um sentido de responsabilidade, de autonomia e de iniciativa suficientes para resistirem às pressões da incerteza e da complexidade social, ocupacional e interpessoal. Os pais, também submersos nesta matriz de modernidade que não oferece tempos mais duradouros e estáveis para a interação com os filhos, não conseguem assegurar essas categorias tão importantes para a formação da identidade e da afirmação pessoal. Lidar com esta complexidade e incerteza, manter expetativas firmes e positivas, tornou-se algo muito desafiador. São necessárias competências elevadas para lidar com esta realidade, particularmente agravada pela crise do mundo ocupacional, pelas dificuldades de aceder ao primeiro emprego, pelas restritas possibilidades de empreender uma carreira bem-sucedida. Estudos mostram que jovens têm crenças irrealistas sobre o seu futuroExistem vários estudos da Psicologia que mostram que muitos jovens destas idades têm crenças irrealistas sobre o seu futuro, exageradamente otimistas, o que evidencia défices no teste da realidade. Este é um sintoma de imaturidade que descrevi no primeiro artigo deste tema, “o tempo definido pelo calendário social como a adultez chega frequentemente sem que alguns jovens contemporâneos tenham assegurado as condições suficientes para resolver as tarefas críticas deste período desenvolvimental”. Optam frequentemente por sobreinvestir o tempo presente, orientando-se maioritariamente para a gratificação imediata, com prejuízo do desenvolvimento das componentes neuropsicológicas que sustentam o funcionamento psicológico superior e a personalidade adulta. Fica mais difícil desenvolver o planeamento e a priorização quando se está centrado no imediato. Chutar o adiamento da gratificação para canto também não favorece o controlo inibitório. Viver sob a pressão da instabilidade e incerteza encasula a flexibilidade cognitiva. Ter o foco na quantidade de informação que se alcança, mais do que investir na qualidade dos processos de tratamento da informação, não favorece o conhecimento das estratégias de processamento e resolução de problemas, o auto-conhecimento, ou seja, não permite o desenvolvimento das competências metacognitivas, tão distintivas dos jovens mais empreendedores, inteligentes e exitosos. Em síntese, o desenvolvimento neuropsicológico das funções superiores, aquelas que orientam os domínios da atividade mental superior, especificamente humana, a atenção seletiva, a memória operatória, o pensamento lógico, a linguagem, a regulação emocional e a vontade, e aquelas que supervisionam essas funções superiores, as funções executivas, não alcança frequentemente os níveis necessários à complexidade da vida adulta atual. PSICOTERAPIA: AUTO-CONHECIMENTO E MODIFICAÇÃO DE TENDÊNCIAS E HÁBITOS MENTAISNa dificuldade de os primeiros e segundos cuidadores, pais e pares, proporcionarem de forma mais firme e conseguida essas competências, a psicoterapia assume frequentemente uma oportunidade fundamental para a reorganização de crenças, transformação das vulnerabilidades mais imobilizadoras e emergência de algumas competências. Porquê? Porque permitem o confronto em contexto seguro com as potencialidades e limitações da própria personalidade e, ao fazê-lo, oferecem uma oportunidade única de auto-conhecimento e de modificação de algumas tendências e hábitos mentais. Esta modificação neuropsicológica oferece condições muito favoráveis à aquisição e desenvolvimento de competências e à reorganização das condutas. O feedback do outro psicoterapeuta, simultaneamente desafiador e contentor, possui condições únicas para provocar a transformação mental, ao mesmo tempo dirigindo-a, ao mesmo tempo emprestando-lhe as condições para a realização cada vez mais autónoma dos comportamentos necessários à satisfação de necessidades, interesses, expetativas e motivos. Na sociedade moderna o psicoterapeuta, mais do que alguém que rearranja pessoas desequilibradas, é um agente promotor das competências psicológicas que tanta falta fazem a muita gente, nomeadamente a muitos jovens da sociedade contemporânea. A psicoterapia pode fazer toda a diferença na afirmação de trajetórias mais independentes, sucedidas e felizes. Conte com o meu auxílio nesta jornada enriquecedora que tem como objectivo encontrar - O melhor de Si!
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