Estou na avenida principal de Las Vegas e nada se parece com nada que eu tenha visto anteriormente, sinto-me num salão de jogos gigante, num parque de diversões sem limites, numa fábrica de brinquedos para adultos. São muitos os estímulos visuais, muita informação diversa, muito ruído e muita gente. Nem acredito que estou aqui! Sinto-me num lugar de ninguém que pertence a toda a gente. Intriga-me a loucura que corre nos passeios mas fascina-me a moral deste coletivo inconsciente que sustenta alguma postura humana, falo, claro está, das regras que apesar tudo são cumpridas. Reflito sobre a liberdade de cada pessoa que se move por aqui, sei que a existência humana se prende com as escolhas e com as experiências das pessoas, formando ao longo da vida as suas identidades como consequência das suas próprias escolhas. Esta cidade é um milagre humano, não da natureza, é um verdadeiro milagre do homem. Tem menos de 2 séculos, situa-se no meio do deserto do Nevada, são quilómetros intermináveis para cá chegar, faz um calor de derreter tudo e todos, não há vegetação, não passa um rio e vivem cerca de 2 milhões de pessoas em toda a sua área. Exageradamente milagroso. E tudo aqui tem dimensões exageradas. Dimensões existenciais humanas A olhar para as dimensões de um dos muitos casinos iluminados, lembro-me das dimensões que moldam o ser humano no mundo, as dimensões da nossa existência, a dimensão física, psicológica, social e espiritual: A dimensão física está inteiramente ligada aos aspetos biológicos da nossa existência com o ambiente, onde o Homem procura dominar o meio natural e o seu corpo. Penso imenso nesta dimensão ao olhar para esta cidade. A dimensão psicológica relaciona a existência subjetiva e fenomenológica do Homem consigo mesmo na construção do seu mundo pessoal. É, portanto, a sua auto perceção. Las Vegas lembra-me que esta dimensão assenta na experiência passada e nas possibilidades e recursos de cada pessoa, penso na vida que muitos escolheram ao vir para aqui e ao olhar para um animador de um hotel à minha frente, admiro que tenha procurado a sua própria identidade afirmando-se um ser livre que vive da animação que idealiza numa cidade marcada por idealizações. A terceira dimensão é a social, diz respeito à relação com os outros, os nossos sentimentos e as atitudes para com os outros. Aqui a competição é enorme, compete-se para ter um cartaz maior que o outro, para ter uma oportunidade de espetáculo num casino, para singrar onde outros já singraram e onde a pessoa do lado também quer singrar. É a dimensão relacional que me faz pensar nos que abandonaram as suas terras e os seus familiares e se mudaram para aqui, para esta terra de ninguém que a todos pertence, em busca de si (espero). Por último, há a referir a dimensão espiritual que está diretamente relacionada com a ideologia e os valores. Que propósito tem este lugar? E que propósito têm as pessoas que o frequentam? Será um local de passagem e descartável para muitos, assim como um local de afirmação e procura do propósito da sua existência individual para outros. Viva Las Vegas! Em busca de novas diretrizes Agrada-me haver uma panóplia tão grande de opções, liberdades, escolhas e caminhos, como encontro aqui. Somos nós que fazemos a estrada da nossa vida, somos nós que fazemos esta cidade. Aqui, no centro de Las Vegas sinto que estou na companhia da cidade deslocada, como se falássemos daquela irmã desadequada da família regular, aquela irmã devassa que apelidam de ovelha negra da família porque é dada ao deboche, no entanto, é dela que se fala nos jantares de família, é dela que recai a inveja pela liberdade vivida, é ela que leva avante os seus propósitos e sonhos. Sinto-me livre e olhando para uma cidade destas revejo a necessidade de pensar a história e o projeto de cada um de nós. Sinto aqui a necessidade de promover o encontro entre quem somos, a única forma de ser realmente livre. A determinação é crucial, e para se ser determinado tem de se ser autêntico, fiel a si próprio. Importa por isso a narrativa que vamos construindo ao longo do nosso desenvolvimento. A narrativa pessoal constrói a nossa identidade e atribui um sentido às experiências que vamos vivendo. É o que estou a fazer em Las Vegas. Observo o lado mau da cidade, o perigo e as tentações mas centro-me na minha narrativa, foco-me na minha procura pela vivência planetária, pelas diferenças que se cruzam e sigo na construção da minha história. No meio de tanto estímulo torna-se difícil refletir mas debruço-me na finalidade da vida, nos objetivos que estipulamos e damos prioridade, penso na direção em que seguimos e nos sentimentos mais estranhos e perigosos que possam existir. Penso como as experiências passadas da consciência, rejeitadas ou não, recalcadas ou não, poderão influenciar as escolhas de cada um, pois cada um é esse turbilhão de sentimentos em constante transformação. Compacto a minha prática clínica, a minha experiência pessoal, as minhas viagens e a minha existência e sinto solidificar a ideia em mim de que estar aberto à vida possibilitará todo um mar de oportunidades para viver em pleno cada experiência. Convido-o também a si a encontrar novas visões para os impasses que possa estar a vivenciar, marque uma sessão de Psicoterapia, onde na partilha e no encontro clínico abriremos a porta à experiência, ao derrubar de medos e cristalizações, aprendemos a ser melhores, com novas perspetivas e visões, desbloqueando impasses e vivendo em pleno. Psicólogo Clínico e Coach do Learn2Be Algarve
2 Comments
Marta Pereira
19/5/2018 06:20:32 am
Inspirador :)
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João Pedro Lagarelhos
21/5/2018 11:28:54 pm
Obrigado pelo reforço, Marta.
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