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Todos nós sabemos que as pessoas tendem a preocupar-se mais com o corpo em determinadas alturas do ano ou quando os limites considerados aceitáveis foram definitivamente ultrapassados. Maior preocupação corresponde a decisões mais efetivas e, finalmente surgem as correspondentes ações: dieta, exercício físico, ioga, pilates, etc. Esta prática, apesar de tão comum nos humanos, faz muito pouco sentido. Porquê?  Uma primeira razão para o cuidado com o corpo não ser uma tarefa sazonal reside na obrigação de ser uma tarefa permanente (razão moral). O corpo é o instrumento com que tocamos, sentimos, falamos, pensamos, agimos. De fato, constitui o equipamento onde estão alocadas todas as propriedades físicas e mentais que nos permitem ser um humano, ser um indivíduo. Cuidar dele é uma tarefa prioritária e de caráter permanente que não se compadece com sazonalidades temporais ou com momentos de maior preocupação ou, até, aflição. Uma segunda razão, que me parece substantiva, deriva da necessidade de assegurar o equilíbrio bioquímico do organismo (razão biológica). O corpo é formado por sistemas, órgãos, tecidos e células. Estas últimas, unidade que compõe todos os níveis biológicos antes referidos, necessitam de manter estados de equilíbrio para responder ao princípio da homeostase. Do seu equilíbrio depende o bom funcionamento dos órgãos e sistemas do corpo humano. Descuidar a manutenção desse equilíbrio em determinados períodos da vida é abrir a porta para o desequilíbrio bioquímico. Dito de outro modo é facilitar a possibilidade de aparecer falta de saúde e, consequentemente, falta de bem-estar. Manter o equilíbrio homeostático das células, dos órgãos, dos sistemas e, finalmente, do organismo é uma tarefa full time.  Uma terceira razão, decorre do funcionamento da mente humana (razão psicológica). Sendo esta razão aquela que se inclui na minha área de formação é sobre ela que me vou debruçar com maior profundidade. O objetivo fundamental é explicar como a forma como tomamos as decisões e as transformamos em ações concretas pode representar melhor cuidado da mente e, do corpo. Mente sã, corpo são. Cumprir esta premissa permite ao leitor Ser o melhor de Si, lema que adotámos no Learn2Be e que dá sentido à nossa visão das pessoas e da forma como se devem cuidar e como devemos cuidá-las. O que precisamos para ter uma mente sã?Para responder a esta pergunta precisamos de saber o que é mente e como se formam os processos mentais. Embora dependa das pressões evolutivas de natureza biológica e social, a mente apenas existe em razão da atividade que os humanos desenvolvem para entrar em relação com os ambientes culturais onde vivem. Por isso, apesar de todos os humanos terem nascido com a capacidade para aprender sistemas simbólicos, uns falam português e outro falam inglês. Ambas as línguas são sistemas simbólicos, mas cada uma delas tem uma particularidade que requisita uma aprendizagem formada numa relação única e específica. É nesta relação com a cultura específica do ambiente que rodeia cada pessoa que a mente se forma. Deste modo, a mente é uma entidade relacional.  A formação dos processos mentais resulta da realização repetida de atividades orientadas a objetivos, ou seja, carregados de intencionalidade. Apenas a repetição de determinadas atividades intencionais permite a formação de circuitos neuronais capazes de produzir respostas automáticas perante determinados estímulos e situações. Esta atividade pode ser vista como um treino pois só a sua repetição permite alcançar resultados mais evoluídos. O desenvolvimento da mente depende, assim, da realização de treinos de atividades dirigidas a objetivos de forma a provocar transformação neuropsicológica. O objetivo de cuidar do corpo, do equipamento precioso com que estamos e interagimos com o mundo, também se deve inscrever nesta lógica de atividade repetida para gerar transformação mental. A mente sã e, mais desenvolvida, depende deste treino pelo que o cuidado mais contínuo e regular com o corpo favorece a manutenção e desenvolvimento da mente. Corpo são, mente sã.  Doutor Jorge Ferreira
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