Escrevo-lhe após algum tempo. Um mês de hiato. Há momentos que tem momentos que não permitem todos os momentos. Mas escrevo-lhe hoje, em Outubro, em abertura a um desconfinamento de vida para que mais momentos sejam permitidos, neste, que é já outro tempo. Em tempos que correm impõe-se algumas reflexões, nomeadamente, sobre o tempo. A felicidade não depende do tempo, é mais dependente da mente, do quanto ela se auto- reconhece, do seu estado e robustez. A felicidade atua mais em estado mental pontual para o qual não há uma receita geral mas antes uma ligação de pontos e características pessoais, únicas e identitárias. Razão pela qual só a análise pessoal permite destrinçar crenças e estradas de pensamento que levam a lugares de sentimento que se cristalizam em vidas bloqueadas ou desalinhadas. O tempo, por seu lado, é um factor determinante no ser humano. Faz parte da vida humana desde que nasce (um tempo que se inicia) até que morre (um tempo que se fecha, pára, termina). Sendo por vezes uma unidade de medida aliada que empurra, abre espaço e facilita enquanto outras vezes é unidade adversária que dificulta, trava e bloqueia. Assim, olhar o tempo de um modo mais consciente e saudável é uma tarefa nem sempre visível, pensada e fácil mas, sem dúvida alguma, importante. Até porque, na realidade, não temos controlo algum na forma como “olhamos” para o tempo. Ao nível inconsciente, por exemplo, ignoramos totalmente a passagem do tempo, sendo o desejo inconsciente indestrutível, ou seja, localizado fora do tempo. Razão pela qual as experiências infantis tendem a não ser esquecidas, isto por haver todo um tempo inconsciente que não é ultrapassável. No entanto, com tempo num tempo relacional em análise com o seu próprio tempo é possível elaborar e desatar os nós cruzados num tempo ao qual não temos acesso. Vale a pena refletir em algumas questões atuais sobre...o Tempo! Se soubesse quanto tempo tem o resto da sua vida, o que faria imediatamente de diferente? Quanto tempo dá de si ao tempo dos outros? Quanto tempo gasta a viver a vida dos outros? A primeira questão relaciona-se com a efemeridade da vida. Quando perguntam a pessoas bem sucedidas com obras vastas mas que se encontram num final de tempo de vida se trocariam toda a sua obra, historia e conquistas por alguma coisa, como foi o caso de José Saramago ou também ao Arquitecto Siza Vieira, invariavelmente a resposta é que trocariam tudo o que conquistaram por...tempo. Por ter mais tempo!
Dois dias e meio que não viveu a sua vida mas antes a vida dos outros. Dois dias e meio que podiam ser auto dirigidos, auto estimados, auto cuidados, no sentido de uma vida mais alinhada consigo para consigo. O tempo existe numa criação mental que, de alguma forma, organiza e dá estrutura ao mundo e à forma como o olhamos. Mas o tempo não é permanente. Permanente é a mudança. O tempo é aquilo que fazemos dele e com ele. O tempo não pode ser uma moeda de troca numa vida cujo tempo é limitado. Um tempo que é muitas vezes reconhecido apenas na saudade. E a saudade é uma parte de nós, profunda, talvez a alma a falar e a dizer para que tempo queria voltar! O que faz com o tempo que tem |
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Curiosidade dum psicólogo...sobre o tempo!
Gostei muito da perspectiva que nos faz parar para pensar. Bem escrito, obrigada.
Obrigado pelo seu feedback, Vera. Parar e colocar em perspectiva é um exercício fundamental a todos. Torna-nos menos rígidos e a vida menos certa! :)
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