O confronto com situações de pandemia faz inevitavelmente emergir sentimentos, preocupações e crenças despoletadas pela emoção de medo. Quando a sobrevivência fica ameaçada o medo toma conta dos mecanismos biológicos e psicológicos dos humanos. O medo é uma emoção primária, reativa e que está associada a mecanismos de defesa e sobrevivência. Tem, por isso, a função necessária de desencadear mecanismos de proteção perante perigos iminentes. Porém, o medo não tem apenas esta faceta de proteção pois o fato de os humanos serem capazes de antecipar cenários pode levá-los a desenvolver sentimentos, preocupações e crenças desajustadas da realidade. Além disso, a sua persistência durante demasiado tempo ou a sua severidade podem determinar o aparecimento de problemas de ansiedade. Estas manifestações fazem com que a natural função protetora do medo possa adquirir uma valência prejudicial ao funcionamento biológico e psicológico dos indivíduos. Este prejuízo é expresso na existência de sentimentos de ansiedade e/ou stresse que tornam a pessoa vulnerável e causam efeitos negativos nos diversos sistemas do corpo humano assim como nos processos mentais. O que podemos fazer para não deixar o medo tomar conta de nós e assumir uma valência prejudicial?DEIXO-LHE QUATRO SUGESTÕES FUNDAMENTAIS.
Então, (1) distinguir o que é real do que é imaginário constitui uma ação fundamental para não deixar o medo tomar conta de si. Os sentimentos de ansiedade são amiúde causados pela emergência na mente humana de representações mentais irreais que são causadas pela antecipação de cenários de risco ou ameaça. Isso acontece em função do valor de risco exageradamente atribuído a certas situações e que faz os humanos sofrerem por antecipação. Este sofrimento causado pela ansiedade, prejudica a forma como o indivíduo processa as informações e os eventos com que contata reforçando os sentimentos de ansiedade já presentes no seu cérebro. Ao invés de proteger estes mecanismos aumentam a preocupação e a perda de sentido da realidade dos indivíduos. O que devemos fazer, pergunta o leitor?
Então, (2) procure reservar momentos de lazer durante o seu dia preferencialmente em atividades que lhe dão muito prazer. Além disso, esta medida diminui a possibilidade de começar a sentir tédio e aborrecimento por ter de ficar vários dias em casa. Viver uma realidade por imposição externa tem potencial para causar irritação o que só vai aumentar a possibilidade de ficar mais ansioso. Preencha o seu dia em casa com atividades individuais e familiares que tenham componente lúdica e de entretenimento. Concentre a sua mente em objetivos de natureza positiva. Ao fazê-lo está a cuidar de si e da sua família. O confronto com situações de risco ou crise deixa-nos sempre mais ansiosos quando nos sentimos sozinhos. A existência de outras pessoas “por perto”, mesmo que estejam na mesma situação que nós, traz uma dimensão de algum conforto e proteção. Então, (3) inclua-se em atividades grupais, converse com outras pessoas e avalie a possibilidade de criar atividades de cariz positivo. Por exemplo, o tributo prestado pelos portugueses aos profissionais de saúde através da manifestação pública de gratidão, mesmo tendo sido feito no isolamento da nossa casa, fez-nos sentir acompanhados e a realizar uma atividade positiva. Pode, até, juntar as sugestões 2 e 3, fazendo atividades grupais que dão prazer. Hoje, com os mecanismos proporcionados pelas tecnologias, é possível desenvolver atividades grupais prazerosas como jogos, debates, etc. Use as redes sociais e os outros dispositivos existentes nos computadores e smartphones para realizar atividades positivas mais que para difundir informações críticas sobre o vírus. Quando estamos preocupados, sentir que conseguimos ajudar os demais devolve-nos uma sensação de controlo da situação que é fundamental para minimizar a insegurança sentida. Embora hoje exista muita informação disponível sobre como as pessoas devem lidar com situações de crise como a que estamos a viver, existem sempre pessoas mais vulneráveis aos efeitos do medo. Para elas torna-se difícil controlar a preocupação desmedida, o sentimento enorme de insegurança. Não podemos esquecer que estes sentimentos fazem parte do funcionamento humano pelo que são perfeitamente naturais. A ação mais inteligente que podemos realizar perante estas vivências é reconhecê-las e procurar uma ajuda externa para diminui-las.Então (4) procure uma ajuda especializada através de serviços de psicologia e encontre um contexto onde pode falar reservadamente dos seus medos, inseguranças, preocupações e dúvidas. Todos nós temos vulnerabilidades e dificuldade em lidar com esta ou aquela situação. Se não consegue sozinho tomar conta do seu medo ou preocupação não hesite em pedir ajuda a alguém especializado. Veja como todos estamos necessitados da ajuda dos médicos e enfermeiros para lidarmos com a situação atual. Seja o melhor de si ao cuidar adequadamente do seu bem-estar.
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